Sabe aquela frase que diz “se você se esforçar e correr atrás, você consegue”? Muitas vezes não é bem assim que funciona.
A Magazine Luiza foi bastante criticada e recebeu muitas ofensas e ataques virtuais quando criou um processo seletivo exclusivo para o publico negro. O intuito da criação de tal processo era promover a diversidade e aumentar a proporção de profissionais e líderes negros, que representam uma minoria dentro da instituição.
Um estudo de feito pela ETHOS com 500 empresas em 2016 mostra que os profissionais negros se destacam em números quando os cargos são de aprendiz ou de trainee. Quando se trata de funções operacionais, de supervisão e de estágio, a proporção de negros que desempenham esse tipo de cargo é notavelmente muito menor. As diferenças se tornam ainda mais discrepantes quando se trata de cargos de gerência, quadro executivo e conselho de administração. O estudo também mostra que os negros lideram as taxas de desocupação em todos os níveis de escolaridade. A população negra de todas as faixas educacionais recebe em média salários mais baixos do que os dos profissionais brancos.
Esse contexto desigual na diversidade das empresas expõe a intensidade do racismo estrutural no Brasil. Você já se perguntou quantos colegas de profissão negros você tem?
A primeira lei de educação no Brasil de 1837 proibia negros de frequentar escolas. Junto com essa lei, existiram outras que dificultaram acesso à educação e a qualquer coisa que pudesse igualar as condições socioeconômicas dos negros às dos brancos após a abolição do sistema escravocrata. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Continua), o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal IDHM dos negros no Brasil tem dez anos (10 ANOS!) de atraso comparado ao dos brancos. O IDHM é uma medida composta de 3 indicadores de desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda.
Uma sociedade baseada em pilares racistas gera ambientes escolares e profissionais pouco ou quase nada diversificados. As oportunidades entre negros e brancos não são as mesmas. Num processo seletivo, além da competição por qualificação de currículo, os negros também sofrem por questões raciais, como por exemplo, o tipo e estilo de cabelo que pode não ser considerado sério e suficientemente profissional.
Fica difícil e até mesmo injusto dizer que somente o esforço e trabalho duro podem levar à uma carreira bem sucedida.
Ref:
https://www.ethos.org.br/wp-ontent/uploads/2016/05/Perfil_Social_Tacial_Genero_500empresas.pdf
https://nacoesunidas.org/desigualdades-raciais-no-brasil-comprometem-oportunidades-de-trabalho-e-desenvolvimento-humano/