
No Profissões sem Frescuras de hoje, falamos com a Luis Henrique Teixeira, 29 anos, que nos contou um pouco sobre sua carreira como Advogado. Confere aí!
Qual a sua profissão? Advogada
Conta pra gente um pouco de quem você é, da sua história! Olá, pessoal! Meu nome é Luís Henrique Teixeira, tenho 29 anos e desde 2016 advogo, sendo especialista em Direito Médico e à Saúde, área na qual possui uma pós-graduação e alguns cursos de especialização.
Minha história no direito começou antes mesmo de entrar na faculdade, com meu pai, também advogado (quase “aposentado” hoje em dia) e minha irmã mais velha (funcionária pública). Então meio que aquele contato diário com o mundo do direito foi me aproximando dele indiretamente e quando me dei conta, já havia escolhido o que queria para a minha vida (apesar de que neste momento ainda não sabia que iria advogar).
Entrei na Faculdade de Direito do Recife (ou FDR para os íntimos) em 2011 e entre uma greve de uns 4 meses e um trancamento de matrícula de 6 meses, me formei em 2016. Quase enlouqueci cursando 13/14 materiais simultaneamente em alguns semestres pra correr atrás do tempo perdido, mas sobrevivi.
Desde o começo sempre estagiei, o que acho que foi extremamente válido para a construção do profissional que sou hoje. Inclusive, foi quando ainda era estagiário que tive contato pela primeira vez com o Direito Médico e à Saúde. O escritório estava recebendo uma grande operadora de planos de saúde e precisavam formar uma equipe para cuidar do cliente. E foi assim que eu, sem qualquer experiência na área, entrei nesse ramo pelo qual me apaixonei com o tempo.
Hoje advogo em um escritório formado por ex-alunos da FDR, cuidando dos processos estratégicos da área cível, além de ministrar cursos, juntamente com três sócias, voltados à vivência prática dentro do Direito à Saúde, justamente para quem pretende começar a atuar na área.
Em uma frase, o que na sua profissão te deixa assim?

"Alvará expedido"
Como você se descobriu nessa carreia? Quem te inspirou?
É engraçado, pois eu me descobri no direito e mais especificamente na advocacia quando quase larguei o curso. Sempre idealizei muito o curso e após o terceiro período comecei a me questionar se eu estava no lugar certo. Acho que o grande problema está no fato de que as universalidades tem até hoje uma grade curricular voltada para muita teoria e pouca prática. E foi assim que decidi trancar o curso (a ideia na verdade era abandonar de vez, mas minha irmã, sabiamente, me aconselhou a trancar).
Acontece que foi justamente quando tranquei a matricula que um amigo da época de colégio me ofereceu um estágio no escritório do pai dele. Como não tinha nada melhor para fazer nos próximos seis meses (era começo do ano e o próximo vestibular seria somente em setembro, ou algo assim), decidi aceitar. Foi aí que tudo mudou. Quando passei a ter o contato com a profissão de uma forma diferente, vi que era aquilo que eu realmente queria para mim. Após os seis meses, retomei o curso, sabendo que quando me formasse iria advogar.
Qual é o processo para iniciar uma trajetória como advogado? Olha, em termos de “requisitos”, não tem para onde correr: é preciso se formar em direito e passar no exame da ordem (OAB). E a partir daí buscar especializações para se diferenciar no mercado. Particularmente, acho pós-graduações e cursos de especializações mais proveitosos do que mestrados e doutorados, por exemplo. Estes tem uma pegada mais acadêmica, que apesar de contribuir para o seu conhecimento, vai ter pouco proveito prático para o cotidiano de advogado, a menos, claro, que você queira conciliar a advocacia com uma vida acadêmica, ministrando aulas em faculdades, o que pode ser extremamente interessante também.
Como é o dia-a-dia de uma advogado? Corrido! Quando você advoga, dificilmente você vai ter aquele day off, no qual não vai ter nada para fazer e vai colocar os pés pro alto e relaxar. Digo isso pois mesmo quando não há nenhum prazo correndo ou nenhuma reunião para captação de um novo cliente, você sempre terá que impulsionar os processos que estão “parados”, dando aquela passadinha no fórum para conversar com o juiz ou o assessor. Vida de advogado é uma loucura, mas uma loucura gostosa hahahah O importante é saber organizar as prioridades para não surtar. As vezes você vai sentir que o dia precisaria ter umas 30h ao invés de 24h, mas com jeitinho você entra no ritmo.
Quais os principais desafios? Acho que atualmente o maior desafio na carreira é vender seu peixe. Nos últimos anos houve um “boom” dos cursos de direito e, consequentemente, o número de profissionais no mercado cresceu junto. Logo, diante de uma concorrência tão grande, é preciso se diferenciar, mostrar que você tem algo a mais a oferecer ao seu cliente. Não sei se vocês sabem, mas o código de ética da OAB não permite uma publicidade escancarada como para vender um produto. Logo, o advogado precisa fazer isso mais sutilmente.
E nesse cenário as redes sociais têm sido um grande diferencial. Não dá pra negar o quanto estamos conectados à este mundo atualmente, então as redes sociais acabam sendo o cartão de visitas do advogado no séculos XXI. Produzir conteúdo (seja através de publicações ou vídeos) acaba te fazendo ser visto e consequentemente lembrado quando alguém precisar dos serviços que você oferece.
O que alguém precisa pra ser bem sucedido na Advocacia? Acho que houve uma virada de chave no conceito por trás de advogar nos últimos anos. Tempos atrás a gente tinha aquela figura do advogado da família, aquele profissional que se alguém de sua casa tivesse um problema, ele ia resolver, quer seja um problema de separação, um contrato quebrado ou mesmo algo na esfera penal. O advogado precisava saber de tudo um pouco. E bem... no final dificilmente sabia muito de algo.
Hoje as coisas mudaram um pouco e passou-se a dar mais valor à especialização. Fazendo uma rápida analogia, você até se consulta com um clínico geral, mas na hora de fazer um transplante de coração, você não vai querer um cardiologista? A ideia é mais ou menos essa. Com tanta concorrência, é necessário você encontrar aquela matéria que lhe agrada dentro do leque gigantesco do direito e focar em ser o melhor nela. Se tornar e se mostrar especialista. Óbvio que você ainda precisa ter um conhecimento do todo, mas é através do foco em uma (ou até duas) área de atuação que você vai passar credibilidade na hora que alguém precisar dos seus serviços.
Quais habilidades você teve de desenvolver? Olha, muitas habilidades são importantes nesta carreira e a gente acaba sendo obrigado a criar ou lapidar elas. Disciplina para dar conta de uma rotina tão agitada, uma boa escrita na hora redigir e convencer através das palavras, uma boa oratória para passar credibilidade nas audiências e sustentações orais nos tribunais, foco para um estudo constante (afinal, não é só concurseiro que fica horas e horas estudando por dia)....
Mas no fim das contas, advogar é sobre ter empatia. Criar empatia para com o seu cliente é imprescindível para a profissão. Lembrem-se que quando a gente advoga a gente precisa vestir a camisa da pessoa/empresa que nos contratou, precisamos acreditar (ainda que estejamos “errados”) naquilo que estamos defendendo. Isso vai te ajudar a criar uma relação de confiança com o seu cliente e fazer com que ele saiba que pode contar com você, não só para a situação específica para a qual você foi contratado, mas para as outras que virão.
Qual a dica de ouro que você tem pra quem quer começar na Advocacia? Não fique parado! Já falei aqui que a concorrência no mercado não está fácil e se você não se movimentar, vai ser engolido. Se você quer ter um diferencial e não mais um advogado mediado, é preciso sair da zona de conforto. Vá atrás de especializações, estude, produza conteúdo, arrisque!
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